menina má

 
nas gelosias da noite aparecias a me  meter medo
na ponta de cada rama do teu cabelo sombreado escondia  fios de segredos
que se fossem  revelados  estaríamos para sempre perdidos para nós mesmos.
o  que vive em nossos desejos é o que satisfaz e o que nos faz falta
as âncoras de tuas sobrancelhas realçam teu rosto delgado e teus olhos de groselhas

 boca de tâmara  
nariz de judia
quem me tiraria  da solidão dos bosques e dos quartos de pensão

e da imagem refletida nos espelhos,
 dos  maus lençóis
do cobertor curto, do  sono de travesseiro
a não ser você 

em sua maquilagem de teatro 
 pele de vidro
vergonhas à mostra
ponta ogival de  teus cornos em brasa
e a  guarita gradeada para o verão
é nesse corpo que vocifera que  descarrego as pulsões do dia  e me liberto em tua prisão
e sou castigado com prazer masoquista
ser de relações episódicas, semelhante aquelas manequins expostos nas montras das lojas
no obscuro  comércio de desejos 
maravilhoso molde mais belo do que qualquer graça;

 violino da natureza   
diz-me sobre suas  falsas verdades e se apoia nos teoremas infinitos
faz de minha cama  um  leito de deleite
onde  nossos  fluidos se misturam e  contém toda a substância do mundo
desempenha teu  papel qual urubu  a sol e céu
é em teu corpo que vivo os melhores momentos
preso ao gozo explosivo da  tua voluptuosa máquina de prazer ··.

 
Labareda
Enviado por Labareda em 15/12/2016
Reeditado em 01/01/2017
Código do texto: T5853682
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