AMOR AMBÍGUO AMOR
Ah, se tivesse comigo a ambigüidade do amor!
Cuspiria lume perfumado com tara de chumbo
Subiria azinhagas incertas e capotaria no tobogã da vida
Que reles seria seu currículo!
Ah, a erma questão que envolve seu nome!
Dar-lhe-ia a alcunha de pobre, por trás de tamanho encanto nobre
Participaria do passado com presente sem laço
Olvidaria seus mais relicários projetos.
Caso ousasse bater o queixo no meu, amiga de bronze...
Enlataria sua mágica, que, ao rés dos anos, perpetuar-se-ia
Em covas, encontraria da tumba o osso gélido do pomar
Haveria sorriso cítrico no teu penar (esgarçado e mansarrão).
Pudera ser muito mais equivocada do que hoje é, companheira
Minha caveira seria teu comentário do ano
Far-lhe-ia digerir o chorume ingerido com minhas vestes de sal
Em outras, trar-lhe-ia um pinot ensangüentado deveras.
Se tivesse comigo tido o prazer incomensurável, flor de estrume...
Imagino, seria sacro o teu brinquedo, o qual te elege
Se tivesse falhado antes da poça agigantada
Se não corresse de carro na pista de eqüinos.
Mas, ouça:
Furtivo é o senso que me ocorre em viés
Resquício que o objeto absorve, em teia que assanha
Se não me fingisse fiel, a humildade.
Quanta pretensão!