AMOR AMBÍGUO AMOR

Ah, se tivesse comigo a ambigüidade do amor!

Cuspiria lume perfumado com tara de chumbo

Subiria azinhagas incertas e capotaria no tobogã da vida

Que reles seria seu currículo!

Ah, a erma questão que envolve seu nome!

Dar-lhe-ia a alcunha de pobre, por trás de tamanho encanto nobre

Participaria do passado com presente sem laço

Olvidaria seus mais relicários projetos.

Caso ousasse bater o queixo no meu, amiga de bronze...

Enlataria sua mágica, que, ao rés dos anos, perpetuar-se-ia

Em covas, encontraria da tumba o osso gélido do pomar

Haveria sorriso cítrico no teu penar (esgarçado e mansarrão).

Pudera ser muito mais equivocada do que hoje é, companheira

Minha caveira seria teu comentário do ano

Far-lhe-ia digerir o chorume ingerido com minhas vestes de sal

Em outras, trar-lhe-ia um pinot ensangüentado deveras.

Se tivesse comigo tido o prazer incomensurável, flor de estrume...

Imagino, seria sacro o teu brinquedo, o qual te elege

Se tivesse falhado antes da poça agigantada

Se não corresse de carro na pista de eqüinos.

Mas, ouça:

Furtivo é o senso que me ocorre em viés

Resquício que o objeto absorve, em teia que assanha

Se não me fingisse fiel, a humildade.

Quanta pretensão!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 01/08/2007
Reeditado em 09/07/2008
Código do texto: T587913
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