onírico

Quando estiver em minha cama ocupado com a atividade onírica,
farei como os poetas surrealistas: pedirei a minha mulher para dizer aos que me procurarem que estou ocupado em busca do inverossímil;
porque como dizia o poeta, o maravilhoso é sempre belo, qualquer maravilhoso é belo, e mesmo só o maravilhoso é belo,

Afinal o sopro do maravilhoso anima o poeta
A propósito, esta noite sonhei que estava vestido de pós-moderno
com roupa por baixo de mendigo
com um terno a cobrir uma camisa rasgada
ameaçado por  metáforas  aterradoras a me aprisionar e  eclipsar o gozo do sonho
Levantava-me  com as estrelas
E com um pequeno número de gestos;

Tentava em vão acompanhar a velocidade de meus pensamentos
Infinitamente superiores à velocidade das palavras que procurava descrevê-los (elas se desfaziam em piedade)
Entrei em  estado passivo;
Queimava  folhas de louro - para alimentar o delgado fogo que queimava em minha volta;
acordei absorto peguei papel e  caneta tinteiro!
Numa vã tentativa de descrever  o que via com o primeiro e último jato de tinta,

De facto, sonho porque o meu interesse pela vida não se aguenta
Embora meus sonhos às vezes sejam  de uma simplicidade revoltante
Sonho que me consulto com um hierofante
em outros sonhos, vejo o obscuro véu negro de todos  os lutos
ou sonho com s caranguejos  de óculos Ray-ban aviador, 
ou com endívias envialacteas
ou com palavras que  pegam  fogo,
ou  com sonhos indecifráveis que  se desfazem em outros sonhos.  

 
Labareda
Enviado por Labareda em 12/01/2017
Reeditado em 16/02/2017
Código do texto: T5879425
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