Domingo Em Familia

Eu tenho esse defeito mesmo quase irremediável de acreditar nas pessoas, sempre me abri pra estranhos e me fecho com muita frequência para com os conhecidos meus.

Todo dia eu tento melhorar e ver que o mundo não passa de um relacionamento mal explicado, porém sempre com boas intenções.

Sempre me pego preocupado com o que esta acontecendo lá fora e acabo muitas vezes dando pouca atenção com o que acontece aqui dentro de meu próprio lar.

Tenho um otimismo incrível com a humanidade e penso que é devido ao meu puro ceticismo com que encaro a vida.

Não acredito no real, na verdade, na solução e na resposta, gosto das perguntas bem feitas, deliro diante do complicado, tenho uma serenidade latente porém insana que me proíbe de ser ou querer ser a voz da razão, sou surreal!

Mais não me entenda errado, adoro ser simples e direto, mesmo quando tanto complexo ou seguramente extraviado.

Contudo no final, sempre sou vingado, traído tantas vezes antes de ser por respaldo justiçado.

Tenho essa safada inocente mania de acreditar primeiro e sorrir ou chorar mais tarde.

No entanto, como já disse antes, entre os meus eu falho e não consigo me abrir por inteiro, sempre sofri esse meu defeito, tento há anos mudar essa atitude, já me internei, me isolei, já fui de grupos de ação, recuperação, religião, terapia e transformação.

É claro que me considero estar em plena evolução, tudo é válido quando não se desiste da vida.

Hoje eu tive um dia muito bom, olhei bem nos olhos de minha esposa e de meus filhos, e sorri e tive tanta vontade de chorar e dizer que não sou ninguém sem eles do meu lado, mas me contive e tive eles no meu colo, rimos tanto juntos e sei que nada foi tão espetacular ou diferente dos outros dias, mas hoje eu consegui ver o mundo todo feliz e acreditar que tudo vai dar certo e que todos as pessoas desse mundo são boas quando em estado natural não há competição.

E tudo isso eu percebi sem pensar no ontem ou no amanhã tardio, essa felicidade e otimismo estava dentro de mim, quando me permiti viver o agora, o momento, o aqui do lado de quem me ama, me adora e não vive sem mim.

O Dylan no meu colo rindo e me unhando, a Barbara me provocando, Priscila me pedindo ajuda, a Gaia me beijando e o Thomas sem parar de me chamar de papai.

Tudo como é sempre todos os dias, mas hoje, além do dia, além das pessoas estranhas que tanto me fascina, bem hoje nesse Domingo em familia, eu percebi, eu me entreguei, eu estou pronto... e apenas começando!