Asas de seda
As asas de seda encostam-se à áspera parede do casulo. Os olhos cintilantes contemplam o lar doce lar com a sensação iminente de despedida.
Chegou a hora de partir. As asas estão prontas para este desafio. O mundo a espera. Demorou, mas chegou à primavera.
O cântico dos pássaros nativos encanta as sinestesias, encoraja quando o medo de voar prorroga a saída definitiva, mas ela sabe que o mundo a espera.
Ela também espera mais de si própria. Não poderá efetivamente abraçar os dois polos de uma só vez, no entanto guardará boas e agradáveis recordações dos lugares por onde tiver a honra de passar.
As asas batem na soleira. Há tanta vida à sua volta. Um canteiro com flores da estação. Uma criança brincando no balanço. Um casal de velhinhos passeando de mãos dadas. E ela tentando, tentando...
As paredes do infinito são de um tom de azul que até parece sonho e a brisa leve ampara àquela menina moça de beleza incomparável que imprime encanto por onde passa.
Outubro/2016