Cai a folha, sopra o vento

Minha vida é um amontoado de coisas de nada, movimentos rápidos dos olhos, pensamentos que se embrulham nos instantes que se passam de uma esquina a outra. Tudo quanto sou não quis ser, foi-me dado o ser eu, eu nunca me tive, nunca pensei em nascer. Toda uma vida vivida à sombra de mim mesmo...

Sonhei um dia que as obrigações sociais não mais me incomodariam, que os estudos, o trabalho, não me seria tão custosos, visto assim, como para os homens comum, os que agem, como uma virtude e dignidade de vida ilusória, que os faz deitar a cabeça no travesseiro e sentir que, pelo menos nisso, sentem que estão no caminho certo. A sensação moral da consciência tranquila, embriagada pelo vinho do dever cumprido e do cansaço físico que lhe amortece, nunca me foi tranquila, nunca me quis assim. Tudo em vão! hoje, no instante em que escrevo estas palavras, sob os escombros de um reino esquecido, vejo que tudo não passou de um sonho, assim como sonho estes sentimentos passageiros me serão sentidos como por um eu que eu desconheço, que morreu em mim e deixou apenas uma vaga lembrança como de alguém com o meu o nome.

Caí uma folha, sopra o vento...

Já não me lembro...

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Fiódor
Enviado por Fiódor em 31/01/2017
Reeditado em 08/02/2024
Código do texto: T5898533
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