Sensações Noturnas.

O ranger dos dentes do vigia noturno não importuna os pernilongos que zunem ao redor de seus ouvidos...

O ladrar dos cães na madrugada de uma cidade pequena atrapalha o sono dos notívagos..

Alguns carros zanzam sozinhos em passeios noturnos enquanto seus proprietários enfastiados assistem ao noticiário televisivo...

Bêbados e malucos confusos se reúnem em surdina com suas tocas, barbas e gorros puídos sob as copas e cascas das árvores, construções e demais locais ermos e esquecidos...

Nos subterrâneos gatos, ratos e insetos travam uma interminável batalha pela sobrevivência, onde em dado momento se ouvem ruídos...

O frio faz arquear a coluna do trabalhador que enfia as mãos nos bolsos vazios às quatro da manhã sentado no ponto de ônibus, à procura de um palito de fósforo, onde noutra madrugada um casal de amantes se contorcia em seus gemidos...

As horas passam no tic tac dos ponteiros e fazem com que o poeta perca a paciência e saia a vagar pelas ruas em busca de palavras e sentimentos...

A mãe deitada há horas na cama, olhando para o escuro, espera a filha que vem dos estudos pelo caminho dos trilhos...

Havia amor e essência naquilo, e mesmo num fim de mundo uma criança, em sua puerilidade, sonhava abraçada ao travesseiro de que haveria sol no dia seguinte, e que as pessoas eram boas e que tudo transmitia uma aura de mistérios e sentidos.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/02/2017
Código do texto: T5912662
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