Ser no não ser
Há quietude e grito em mim
o grito é de guerra
a quietude, é de voto de silêncio
Há leão querendo rugir
Há peixe querendo imergir
Você poderia inferir que o primeiro vence o segundo
Mas ambos habitam planos diferentes
Eles se enxergam, se contemplam, se estranham, se compreendem
Sem jamais se tocarem
E o que é um leão sem juba?
E o que é um peixe sem água?
Já não existe magnitude nem lágrimas
Que vida é essa, que se compara a um animal e mesmo assim, permanece incompleta?
Eu terei que virar objeto para me animar?
Ultimamente me sinto a cadeira que sento
A cama que encaminha os sonhos
Até o chuveiro que chuvisca em mim
Eu só irei ser no deixar de ser
Quando minha respiração se for,
meu corpo se for,
minhas cinzas se forem...
Então eu serei, lembrança individual