O que não merece título

O que a você faz quando a chuva pára, e estava tão molhado que já era dela?

O que acontece depois que o besouro sai daquela situação angustiante e consegue se virar?

O que vem depois do fim dos contos de fadas?

O que eu perderia se não lutasse contra o sono?

E depois que o pretexto não funciona mais?

O que a gente faz depois que o sonho não é mais sonho?

Hoje meu espelho foi você,

Hoje seu olho foi meu eu refletido na água,

Olhando pra dentro do meu olho.

Hoje me vi em você,

E vi o besouro caído de costas,

Tentando se virar sozinho,

E aí vi você na vidraça do besouro.

O besouro não viu a gente,

E eu vi o besouro,

Vi você no besouro,

Vi-me em você.

Você também viu.

Eu olhei pro céu cinza,

E senti o vendo porta bandeira de chuva.

Eu esperei a água do céu chegar,

Mesmo não sabendo quanto tempo ela ia levar.

E vi água no céu.

Não sei quanto tempo depois,

Vi tanta água em mim,

Que mim era tanto da chuva quanto ela era de mim.

E tanta água do céu caía,

Forte!

O que a gente faz quando a chuva pára de chover?

A gente pensa o que vêm depois do fim dos contos de fadas,

A gente agradece por ter lutado contra o sono,

A gente percebe que o pretexto ficou na roupa a ser trocada,

A gente sente o peso de um sonho.

Eu andei pela avenida,

A avenida andou com os carros,

Forçando que eu também acelerasse meus passos.

Como melhor resposta, meu gesto: parei um pouco,

Olhei ainda mais pras cores daquele lugar,

Que quando se anda destraído,

Aparenta tão... Cinza!

Você voltou,

Agora como que vestido de tinta,

De aquarela.

De cor...ado

De dizendo confetes todos... Disse baixinho que sentiu minha falta,

Desaparecendo com todo cinza.

thais rey grandizoli
Enviado por thais rey grandizoli em 04/08/2007
Código do texto: T592954