Sacrifício
“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.”
(Poema 119 do Canto III de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões)
Esse amor não me pertence: flor de estufa, cujo néctar não pode ser provado pela borboleta. É como se nossas vidas se situassem num mesmo espaço, mas em realidades incompatíveis. Como se nossos corpos se atraíssem e repelissem ao mesmo tempo...
Meu amor será todo lágrimas. Lágrimas que evaporarão e subirão aos céus, convertidas em sonhos ternos. E antes que o Amor clame por um novo sacrifício (ainda que sem sangue), continuarei sonhando, pois “tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
Escrita em 02/08/07.