Fruto amargo

Rompi o lacre

Rasguei o ventre

Fugi da escuridão

Entrei pra vida pela porta da emoção

Fui afetado pelos erros do passado

Contagiado de tristeza e de alegria

Assim nasci, coberto de esperança

Entrei na dança sem saber dançar

Fui para o altar em meio a um sacrifício

Sacramentei ali, ainda sem saber, o meu primeiro vício

Tal qual São João, fui batizado para não morrer pagão

Saí do colo, me aventurei no chão

Fiquei em pé, soltei os braços

Dei alguns passos sem saber a direção

Passou o tempo, fui mais adiante

Me vi gigante, desobedeci

Caí; torci o pescoço, quebrei um osso, e também um dente

De repente, um estridente grito ouvi

_Bonito! está contente agora?

Não chora! Engole o choro!

Cale a boca! Você está me deixando louca

Maldita hora que eu inventei de engravidar!

_ Há, há, há, há! Daí por diante aprendi a andar

Aprendi a falar, sorrir, cantar, chorar e reclamar

Aprendi o caminho até o bar

Aprendi a mentir

Aprendi a roubar, mesmo antes de amadurecer

Aprendi a ser igual você