Desnudando o dia de Clarice

... e toda a paz se transpõe de versos inacabados e inexpressivos. A vida anseia por novos caminhos. Clarice passeia pelas pedras do seu destino torto. sabe que os caminhos são mansos; que suas decisões é que podem ter sido duras... e erradas. No corpo, picadas de insetos e entorpecentes. A vida é torpe.. Haverá entorpecente maior que a própria vida?!? Reflete que não... Nem todo aquele cheiro de álcool e frivolidades. Sente falta da música dos próprios olhos. Sente falta do ritmo dos próprios passos cravados nas pedras de todas as estradas. Ninguém desconfia de tanta angústia, de tanta pureza, estampada nos olhares de Clarice. Uma lágrima se esconde num pedaço de verso; todo o medo se confunde com os segredos guardados em fotos envelhecidas. A vida é uma piada, uma sátira de todas as tentativas. A vida é um verso livre, branco e indefinido. A vida toda é um pedaço inacabado. Todos os labirintos de fundem e às vezes orientam suas velas, acesas em pedidos. Quer de volta seus gestos espontâneos, sua dignidade, seu país e mundo tão sonhados. Clarice quer apenas ser ouvidas - sem gritos, porque gritar desgasta qualquer ouvido humano. E pouca gente sabe ouvir e interpretar aqueles olhos de jabuticaba. Clarice é uma velha desbotada, numa tela sem reparos.

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