De mim a mim "esmo"
"Eu andei me bastando, por assim dizer
Eu, que nada fui, nada fiz, nada pude me
SER.
Criada, acomodada, contente
Desdobrei-me a tantos outros, de repente
E escolha nenhuma tive,
Senão bastar-me.
Bastar-me a tempo, espaço, dor e catatonismo
Dentro e cada vez mais funda,
Num abismo...
Custei a perceber que bastar-se a si mesmo
É cansativo demais para peitos como o meu
Chagados e míseros, num amor a esmo.
Descobri que no fundo do abismo a gente se acomoda
Se deita em posição fetal, enlouquece
Dá risada do nada, sorri e se embola
Sem saber que o fundo é auto-confrontamento
Aqui somos eu versus eu
Sem tirar, pôr ou trocar
Sem jogos, asas ou extremos
Aqui sou eu. Só eu.
Por inteiro.
E nunca, nada nesse universo, me confortou mais."