A voz da favela!!!

Andando na rua falam que nois é delinquente.

Porque moro quem morre é a gente.

Todo dia de noite tem cana com o cano em nossas cabeças

As cabeças que eles querem que nós abaixamos no dia seguinte durante o dia

Todo dia tem gente de beca fugindo de mim no meio da rua de dia ou de noite

Mas querem o meu suor pra alimentar sua sede de viver mais um dia

Todo dia na TV os playboy ouvem que preto morreu de aviãozinho. E ainda dizem: "Bem feito foi ser bandidinho?".

Mas na baladinha o nariz tá cheio de farinha.

Na rua passando em seu carrão dizem que o mano sentado pedindo tinha que ter vergonha, mas todo dia seu filho na facul tá chapado de maconha.

Mas maconheiro, marginal é só o pretinho, pobre e favelado. Seu filho é estudado. No máximo excêntrico, descolado.

Mas acha que eu vou me calar?

Desculpa Zé Povinho ninguém mandou me deixa estudar.

Vou gritar mais alto, vou gritar mais forte, pois estou aqui pra incomodar.

Incomodar a gente que vestiu amarelo, bateu panela. Mas agora quando não tem nada em nossas panelas ele amarelou.

Vou gritar mais alto que não aceito que gente feito mainha que trabalhou a vida inteira em trampo braçal tenha que abraçar a morte trampando até o último dia da vida.

Se vocês gritaram e acharam que seu grito era forte, se preparem, pois o grito agora é do morro.