Cansaço

A chuva cai mais forte do que nunca

Deixando mais em evidência os inúmeros ferimentos

Que depois de tantas defesas repetidas

Demoram absurdos para cicatrizar

A frieza das gotas d'água rivaliza com o calor do meu suor

O corpo cansado de correr e lutar

Luta desde que se entende por gente

Luta contra a maré dos conceitos pré estabelecidos

Sobre meu jeito de ser

Do que gosto

Do que escuto

Do que visto

E pasmem, do meu signo

Olhares alheios cruzam com meu ser calejado e ferido

Como se fosse fétido e imundo ser

Que ajuda fosse privada e desmerecida

Em improváveis situações

Desperto curiosidade e interesse

Mas o que acontece...é como citado em um filme

Eles vem...comem...e vão embora

No sentido figurado e literal

Seja energético ou carnal

Como tentar pedir ajuda se acabo ouvindo coisas como

-Eu trabalho me mais que você

-Faco bem mais coisas que você

-Passei por coisa mais pesada que você

E mais, e mais, e mais

Amordaçando-me a cada comparativo que tentar diminuir minha dor

Não tenho mais força para gritar

Corria, agora caminho passo ante passo

Meu sorriso, vira minha arma de sobrevivência

Para não ser mais massacrado

Pois ele esconde minha quase incomensurável tristeza

Mas a máscara que esconde meus olhos marejados e inchados

Tem uma rachadura que não consigo mais concertar

Ajoelho-me e fito aos céus, para que alguma ajuda venha

Pois estou

Cansado

Edu Campagnolo
Enviado por Edu Campagnolo em 16/04/2017
Reeditado em 03/11/2017
Código do texto: T5972004
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