OLHANDO O PASSADO
O longo olhar que na minha vida vazia prossegue,
Acre, acerbo e triste anseio desta desventura.
Que sempre padeço e nunca grita nem renuncia
Discreta voz dá à dor que tanto me amargura.
Demente olhar que com juras e armadilhas desumanas
Corretivo no azorrague ou prova sombria já passada,
O olhar disfarçado de ardis bárbaros e brutais
Quando na verdade é grei desmemoriada, alucinada.
Ainda que hoje eu clame e anele a liberdade
Dela não consigo a fé como refugia toda gente
Pois por certo só tenho a sonhar eternidade
Mas há cárcere, mais dorido que os grilhões
Se a liberdade tal como supõe uma ave a voar
Diz que sem esperança livres não são os corações.