Um náufrago conversa com seu Deus

Um dia, naufragado por entre mares e ilhas, encontrei um Deus e indaguei-lhe o porque daquela sensação vívida, e como ela ia e vinha.

"É simples" - respondeu-me - "é a luta do amor puro contra as crenças frias... e isso você mesmo já sabia, só não o aceita por estar doente, com fome de vida. Irônico, não? Se ter tudo na mão e ainda assim frustrar-se por sonhos e metas no dia a dia. Ora, por qual razão ofusca-te o presente pelo futuro belo, se este não se sente? Me lembras um moleque, forte, ambicioso e esperançoso, porém corres em direção ao abismo na crença de que irá voar! Subestimas o peso do esforço! Está com pressa rapaz. Como um monumento que se ergue, de tijolo em tijolo, um caminho se faz. Aprecie uma gota de orvalho, um universo dinâmico ali existe; Aprecie as plantas, em sua busca incessante pelo sol; Aprecie o cheiro da chuva e o canto dos pássaros, que trazem consigo mágicos sopros de nostalgia; Aprecie os humanos, em suas complexas buscas pelo amor; Aprecie a perfeição com que o seu corpo trabalha; Aprecie a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato, são portas do seu sentir, da sua percepção; Aprecie a simplicidade e não se apegue a incertezas; Aprecie o foco, porém não feche os olhos, lembra-te que o planejamento é uma valorização da presença; Aprecia-te com determinação jovem! Não menospreze o dever que a consciência te impõe e jamais afoga-te o coração em mares de racionalidade. Apenas navegue, solenemente... em direção ao futuro, mas navegando o presente."