O sequestro

As horas, cativeiro do tempo,

escondem concepções prematuras,

sem pedido de qualquer pagamento.

Um tempo definha nas ranhuras

de alguns segundos.

Um dia que se vai

não deixa ao outro

que atraca no cais

apenas seus assombros.

É-lhe ainda profundo.

Um dia chegante

no cavalgar dos minutos

escapa das horas

que se esvaem gotejantes

de um repetir fugaz.

Um tempo está perdido

entre as horas nos dedos.

O tempo que já se foi

levou consigo, o iludido

de um sonho audaz.

Entre o sol pôsto

e a lua frívola a passear,

um aquecer no desgosto

de esquecer sem lamentar

o que não volta mais.