Tormento

É noite e minh'alma perdida encontra-se: resto branco e macio, quase escolhas esmaecidas - momento.

Confusas lembranças violentadas, cercadas por vigias e muros, o que não se vê daqui é tudo, é o concreto tão irreal.

Minha débil alma sussurra e confessa transgressões,trafega tão ébria quanto leve, numa estrada invisível, feita de calculados descaminhos .

Suspeito: a inconsciência é um elo com a paz, nunca permitida nos vales onde as ausências são as presenças mais constantes.

A hora ferida, a batalha perdida: grave e guarde a última esmola, memória desfeita, banal.

Creia. Não há perdão sem culpa, e a meia lua insiste e cintila, chora uma vez mais, e desvanece ao ser tocada.

Prevejo oro imploro exploro - me perco, e na antessala do precipício há uma chance, última e impossível: a luz dissipa tudo antes do fim de mais um libertador pesadelo, invalida e transfigura - suga todos os universos, e dúbia e sedutora declara que os irreais sorrisos as mãos dadas as palavras bonitas, apesar de serem nada, são vida.

Acordo, desmaio. Outra vez o esquecimento: fim do tormento.