Ao Vento que passa...

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"Vento que balança as palhas do coqueiro
Vento que encrespa as ondas do mar..."
                             Fernando Mendes


Escrevo.  Escrevo-te. Bem sabes o quanto sofro de irrealidades, mais ainda quando me expresso na escrita, mas sabes também o quanto gosto, de verdade, de me esbaldar numa boa e velha prosa, na energia  que tem os poetas de alma,  no sentimento que mareja os olhos e faz brotar os sorrisos.
Diante da conversa, o nada. Quem sabe um café fumegante,  risadas,  uma música ao longe, talvez...

Por que sinto tanta falta da vida, da sonoridade,  do bem-estar que a voz evoca, dos toques na alma, da sintonia das afinidades, do pulsar do coração? Humana demais?
Enfim, já aceitei o silêncio ...  Já faço de conta que a fala não conta...
Sentir falta é reconhecer que gesto, palavra,  pensamentos, sentidos, tudo, tudo tem muita importância, enquanto segue o jogo da vida!
Escrevo agora, sentindo falta da leveza de ser o que sempre fui...O som do vento nas árvores e nos fios são o canto da noite e eu penso o que me reservará o sono?  O sonho? O dia seguinte? Noite após noite?
A música preenche o espaço das vozes... Maravilhosa companhia!

Melhor, muito melhor assim...
Escrevo-te. Talvez não seja tarde... Talvez sim... talvez...
quem sabe...


Das Cartas ao Vento-Série