Um Dia no Banco da Praça.

Você viu que o cidadão estava visivelmente desidratado, só a capa, boca sem vida, boquiaberta, vestido dentro de uma calça jeans que era só calça. Você via aqui e aqueles lá deitados em camas de pronto-socorro do SUS esperanto, talvez, o susto derradeiro, o último suspiro, a última lufada de ar ou a luz.

Estava lá sob o céu azul enquanto o Mundo caía em cinzas. Algumas plantas brotaram no asfalto e furaram até o trânsito, na imaginação de Drummond.

Você viu que dentro daquele mundo as máquinas funcionavam incessantemente mastigando línguas e neurônios, sectárias da plutocracia, sanguinárias do sistema.

Você via tudo aqui e ficava lá, "martelando a bigorna" e sentado na praça dando "milho aos pombos!"

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 08/06/2017
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