Se encontre nu

É incrivel como aqueles provérbios fazem sentido. E a gente só se atenta a eles depois de um determinado tempo. Depois de um determinado tempo também a gente se depara com nosso eu. E mesmo que se tente fugir, toda força é vã. No dia que esse encontro acontecer, trará uma chuva de canivete e um tufão de gás letal. É dor. É tanta dor. Se ver tão fragil, como recém nascido nu e desprotegido no relento de uma madrugada. É triste. É pros fortes.

É desafiador. Se encontrar desprotegido de toda ideologia cabivel. Se ver sem rumo, sem pespectiva. Paralisado, inércio, fraco.

É um dos mais loucos e bonitos momentos. Quando a gente se enterra em nós mesmo e morre. E morre pra todas as certezas, e se livra de todo o peso e se enxergar. No espelho real. Sem enfeites. Se olha. Se nota. Se conhece.

É um baque porque é muito ponto ao mesmo tempo. São muitos fios interligados. É desafiador. Se livrar da moral, das ideologias impostas, dos medos e se olhar. Se encontrar nu.

Recomeçar mais de uma vez. E reaprender a andar. E entregar o ar ao seu pulmão de novo. Um ar mais puro. Se julgar humano. E não menor que ninguém. Se perdoar.

No fim das contas precisamos de sentir uma dor pra curar a outra. Para se conhecer e aprender a se amar, tudo é válido.