Mergulho

Estou me preparando,

Tomando ar com muito fôlego,

Para mergulhar

E agüentar o máximo de tempo dentro de mim.

Respirando também para ter coragem,

Enganar a pressa e não me engolir.

E acabar me afogando no que não sou.

E como quando me assustava ao ter um texto me lido tão bem,

Sutilmente o mundo tem me sentido,

E entregado seus pés,

Enquanto ando sobre a tela cheia

De tinta molhada.

A chuva passa e misturo tudo.

O universo dá o seu presente no vento,

Fazendo-se presente,

No encostar de tudo em mim.

Eu dou o verbo,

Conjugo no impulso,

No andando, no desajetivando,

Nas rosas vermelhas do meu seio.

Gosto de pegar na mão o pulso da música

Que a minha garganta toca,

Eu ando com os pés do mundo.

Não pago pra ver a próxima esquina,

O incerto dá a eminência.

Tenho menos instante,

Tento esquecer disso.

Inconstante,

Como cada livro que me escolhe

Nas prateleiras mais escondidas

Dos sebos mais parecidos comigo

Do que tanta gente.

No canto contrário da vida

Faço meus estragos e ganho minhas venturas.

Respiro fogo e a ele me recuo,

Com sincronia secular.

Mas basta abrir os braços,

Que me mesclo ao mundo,

E sublimo.

Viro vento, virada,

Vento contra o cabelo da moça

Que passeia na praia.

Penso em mim, e me volto.

Constantemente fujo antes,

Passeando a dor não passa.

Corda bamba e pontos finais

Só por qualquer resto de apego à forma.

Penso em mim, e me volto.

Desejo um pensamento líquido.

Talvez um pouco menos que líquido.

Pensamento em evaporação?

Não sei, quero o instante,

O depois de já

Não ser nem uma coisa nem outra.

Eu sou esse momento

Em que não se pode ver o que é,

Por ser tão efêmero...

Não é a palavra,

Mas já penso em voltar a respirar.

Não era antes,

Mas agora o ar é-me útil.

Fogo recua?

Resp...

thais rey grandizoli
Enviado por thais rey grandizoli em 11/08/2007
Código do texto: T602887