Tenho eu um deserto com variadas regiões, variadas meiguices, fardos a suster, tão multivariados. Se tanto puder aqui poetar por essa recordação a cada manhã no despertar, quem sabe encontro respostas?

    E os ventos me cstigam. Sou dona dos raios. Faço do lugar meu crédulo caravanear de sempre, sempre açoitada nos cabelos pelo tédio se deixar cada meu olhar distante. Pioneira deserta num desértico vivo de amplas amenindades, se houverem...e sonharei atrevida com dores, pesos, culpas a expiar...e um martelo divino pra acordar na luta que convier disso...

    Atenta que sou a incertos milagres raros, vivo a perambular à noite por aquelas paragens de tão belas palmeiras, coroadas de sonhos famintos ou jardins encastelados em oásis aleatórios. E sou parte do sono que me faz ceder ao fantástico sem querer dos devaneios. O amôr a ser escavado e as penumbras a necessitar de arqueólogos pra me acharem perdida. Sou eu mesma nos diversos sonhos de qualquer maneira ou instância que me abater.

    Minha vida calejada de paixões femininas, soltas ou farsantes, como vierem a ser, que se dedica em omissos passos sem culpa. Estou insone quando abismos ruinosos se insinuam como areia movediça em poucos lugares que atrevo visitar. Os pesadelos inexistem nesse lugar, mas o sonho misto se mescla a divagares do pensamento. Onde estiver meus pés queridos estarei calçando ferimentos injustos por lá.

    Padeço em uma senda de caravanas que são minhas, sempre a pagar caro por altas caridades de livre acesso. E sempre vem aquelas promessas como lições a serem postas como enigmas a cada noite. O que vier de sobressalto e acordar acreditando que as respondi sem dôres queixosas a mais. Sozinha faço a caminhada a cada parte desse deserto "cosmopolita" mentalmente ingrato, disposto no sonhar que me atreve fazer dormir. De fato. aquele mundo mental irresponsável me oferece lições maiores que a vida...

    Cabisbaixa eu rogo em terminar cada sonho revigorante, fico a agradecer a realidade por me colocar no amor, na vivacidade, na poesia coerciva, na minha palavra na boca selada para que não revele tamanho deserto íntimo. Já fico solitária numa erma madrugada, demorando a adormecer por temores frágeis, sentindo um mundinho solitário triste a me confiar o fim de meus dias em algum deserto verdadeiro...

    Um sonho não pode ser enterrado. E areias infames de um deserto nunca o engolirão em nenhuma eternidade, seja repensada ou sonhada algures.

 
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 10/07/2017
Reeditado em 10/07/2017
Código do texto: T6050760
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