Romantismo perverso,ditador das regras da paixão cap V

Depois que ela voltou demorou sete dias para que ouvisse de novo o som da voz dele.Enquanto se embriagava com as lembranças da recente viagem nutria também uma esperança mais moderada.Aquele desespero causada pela ausência dele ela aprendera a suportar.Sua inquietude estava controlada e já havia decidido escrever uma carta que pudesse apagar de vez com a fogueira de desejos que habitava os dois.

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Escreveu assim:

Dentre todas as pessoas que moram dentro de você nenhuma delas pode me amar, nenhuma delas pode estar comigo agora e fazer amor comigo.Dentre todas os seres que habitam seu corpo, entre espíritos e vozes, nenhum deles te guia pra perto de mim.A doença do teu Karma é demais pra mim.Porque sua inconsistência de personalidade é como areia movediça e eu não sei como me preparar ou lidar com isso.Amo seus múltiplos seres...amo a inquietude com que me chegas e me acorda nas manhas cinzas, tardes tristes e noites sombrias ou chuvosas mas meu romantismo é perverso e é o ditador das regras da minha paixão.Sem ele eu deixo de ser quem sou.E se não for autentica, prefiro nem ser.Eu renuncio ao cargo de ser sua amante.Eu quebro todo elo que existe hoje entre nós.Minha alma te perdoa e te pede perdão para que possa ser quebrado também o elo maior que existe entre nossas almas nesta e em outras vidas que já se foram e estão por vir.Se esta é a lei que rege as almas ligadas inexplicavelmente,apenas aceito minha sentença.Mas esta história vai acabar onde começou.Na mesma perdição dos labirintos do destino.Teus espíritos obsessores e os meus que nos perseguem e os anjos da guarda que nos protegem são testemunhas oculares que te amei tanto quanto podia e só não amei mais porque meu coração é poço que transborda,alaga,inunda e depois me afoga.Eu renuncio ao posto que me colocaste em tua vida de ser apenas tempero e não o alimento que te sustenta.Eu começo essa semana a marcar encontros com possíveis novos amantes para me dar chance de ser feliz.Ser feliz não por horas mas dias e noites completas.Não serei rigorosa e nem seletiva.Buscarei apenas um colo.Um abraço reconfortante.Um caso que talvez possa resultar num bem querer certo e seguro.Aceitarei as investidas de um conquistador que sempre insistiu comigo.Darei a ele a oportunidade de me conhecer.Adentrar na intimidade que só você conhecia.Desejo o mesmo à você; felicidade gratuita e sincera.Não me leve a mal.Não me esqueça mas não me procure mais.

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Ela leu a carta tanta vezes que quase decorou.Julgou-se covarde envia-la.Sabia que uma vez enviada, era um caminho sem volta.Um adeus premeditado.Ela sabia do orgulho dele e não poderia arriscar.Teria que ser pra valer.Ouviu-se dizendo mais de uma vez em voz alta se tinha realmente certeza.Sua agonia era profunda e repetidas vezes disse que era o certo a ser fazer naquele momento.

FLÁVIA PINHEIRO
Enviado por FLÁVIA PINHEIRO em 11/07/2017
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