[O Voo da Esperança]

[O longo braço da morte]

Céu azul profundo, alta planura infinita;

tanta é a secura dos capins amarelos,

que a alma, de triste, põe-se em fuga...

Mas há vida: um estampido rompe a solidão!

E ali, onde a estradinha poeirenta

que vem das lonjuras da chapada

cruza os trilhos brilhantes ao sol,

esvoaça ainda a ave abatida em voo.

O meu cavalo parece que me entende,

para por si; olhamos a bela ave agonizante;

o absurdo dessa ironia — o voo da esperança

abatido sobre cruzamento das possibilidades!

Carece de tomar tento: inútil perguntar

de que lado sobreveio o destino da ave,

pois quem dispara a morte, não comparece;

deixa-me tomar meu rumo... mas jura a minha vez!

[A morte esconde sempre o seu braço...]

[Penas do Desterro, 13 de agosto de 2007]