Colcha de retalhos.

Quando o céu sumir e talvez só assim eu entre de vez no nunca, e se apagarem meus passos, deixarei poucas falas, um punhado de sorriso perdido em algum espaço ou jardim que andei. Deixarei planos incompletos dentro do meu coração. E nos olhos de minha mãe deixarei dentro imagens de mim.

A primavera em quebranto e febre abraça meu sumiço e nas notas da música que nunca cantei reclino toda ilusão. Sobre o teatro sem flores bebe meu corpo os vultos da inexistência, pois as linhas dos sentimentos confundem a vida e estraçalham a razão, então seguimos no escuro mesmo sob um sol ardente e caminhamos só em milhares de vozes e o único som que fazem é o silêncio.

A vida cansada e confusa busca e agarra a fuga, a fuga da existência. Não diz adeus, mas parte pra nunca mais.

SP. 08/08/07

Jane e um poema de Carlos Drummond de Andrade

José

(...)

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

(...)