Desculpas

Era cedo. Era manhã. Era domingo. Um carretel de pensamentos assoberbava os primeiros instantes de lucidez. Levantou. Sentiu a brisa do dia. Queria sol. Pensou na praia. Choveu. Mas, o que, de fato, desejava? O que podia acalentar aquela alma tão voraz? O que satisfaria a avidez daqueles dias? Inspira… expira… Sequenciou. Lembrou os afazeres da vida. Pensou nos tantos compromissos organizados. Adiados. Esquecidos. Queria escrever. Possibilidades. Leituras se acumulavam. Deveres batiam à porta. Tirou o biquíni. Apagou as luzes. Chamou a energia raíz. Conexão imediata. Saiu meio sem destino. Atração fatal. A ausência de direção não disfarçava suas necessidades. Parou perto dele. Inventou suas próprias desculpas. Passou o tempo. Angústia. Fez o caminho de volta. Lembrou das metas impostas. Calibrou os pneus. Nova viagem. Encarnou o desfile das suas novas cores…

Marii Andrade
Enviado por Marii Andrade em 16/07/2017
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