Saudosismo

A saudade não nos mata

Corrói-nos em veios que nos marcam para sempre

Registos

Feridas

Emblemas que nos cercam e nos trucidam o caminho

A palavra não nos esquece

Falta-nos a certa quando deve

Espalha-nos num chão outrora de outros

Seja ele de cinzas ou pedras de calçada velha

A saudade não nos mata

Esfaqueia-nos, rouba-nos e deixa-nos ensanguentados

Para o resto da vida

Em vitrais de cor paisagístico

Sejam eles puros e dramáticos

Como qualquer mancha trágica

Embeleza o universo dos seres

Mesmo que isso seja o padecimento eterno de quem o pintou…

A saudade não é palavra

Demovida a sentinela

Sombra que nos acompanha

Nessa estrada de pedra banhada a cinzas…

A saudade não nos mata

Nós vamos morrendo sobre ela…

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 17/10/2005
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