Saudosismo
A saudade não nos mata
Corrói-nos em veios que nos marcam para sempre
Registos
Feridas
Emblemas que nos cercam e nos trucidam o caminho
A palavra não nos esquece
Falta-nos a certa quando deve
Espalha-nos num chão outrora de outros
Seja ele de cinzas ou pedras de calçada velha
A saudade não nos mata
Esfaqueia-nos, rouba-nos e deixa-nos ensanguentados
Para o resto da vida
Em vitrais de cor paisagístico
Sejam eles puros e dramáticos
Como qualquer mancha trágica
Embeleza o universo dos seres
Mesmo que isso seja o padecimento eterno de quem o pintou…
A saudade não é palavra
Demovida a sentinela
Sombra que nos acompanha
Nessa estrada de pedra banhada a cinzas…
A saudade não nos mata
Nós vamos morrendo sobre ela…