O Rio Nunca Há de Dormir
Você é o entardecer do Sol
Em uma lagoa tranquila,
E eu velejando distante
Sobre sua pele cristalina.
Sou levado por um loiro vento
E seus cabelos me sopram
Refrescando-me a face
Amornada pelos sutis raios.
Você trás boas lembranças
De manhãs cheias de promessas,
Te amo e você é parte de mim faz pouco.
Falo-te como a água que lava tua pele,
Bendita seja pois te purifica,
Que precisamos ser forte
O rio corre veloz em leito
Nunca há de dormir.
Serpenteando entre as rochas vencidas
Poderá nos ser útil
Ou ficaremos entre rochas, vencidos.
Tal velocidade e nem se percebe
Quando vê já passou.
Entro no rio e trago-te comigo
Para colhermos os frutos que nos dá,
Rico, nem sempre generoso.
Fale-me eufórica oque sabes.
Conte-me aventureiras histórias
Sobre dourados peixes alados
E gigantescos reinados
De grandiosos marinhos-cavalos
Conto de quando,estrelas cadentes submersas
Instigaram-me à um mergulho mais profundo,
Descobrindo que não pertenço ao mar.
Mire-me com doçura
Encharcando-me de verde
Para que eu possa em memória resgatar,
Quando perdido estiver
E faminto n’alma encontrar-me,
Algum raio, distante no rio, de seu olhar
Quando finalmente atingir o mar.