Tão Sereno

Neste último natal lembrei-me de você

Com um coração partido em dois

Reluzia ainda como prata polida

Aquele coração em suas mãos

E o sorriso em sua face

Tão envelhecidas mãos inexperientes

Sorrindo indefesa ao futuro

Dessa noite em que o sino tocou mais cedo

Mais cedo que de costume, cedo demais.

Um adeus tão sereno beijo de despedida

De partida para a lua de queijo

Onde há chuvas de leite morno

E habitantes vacas de terno e gravata

Deixando eu e meu baú de egoísmo

Adeus impensadamente recusado

Egoísmo insensato

Você só agora distante e já sinto saudades

Esta dor já existia bem antes

Mas é só o começo de todo o resto

De seus fios de cabelo que encontrarei

Do mundo que você deixou

Das roupas que você esqueceu

Nos olhos de quem você gerou

O fio sempre é mais fino

De quem traz maior alegria

O frio parece sempre mais gélido

Para quem observa a partida

Ainda ontem lembrei de você com um beijo

Sem saber porque

Neste último natal lembrei de você

Algo por dentro sabia a verdade

Acordou bem mais cedo

Para algo que ainda não despertei

Esperando chegar o dia em que nos encontraremos

Sob uma chuva de leite morno

Em algum lugar da lua de queijo

Meu bem, tenho uma nova para você:

O sofrimento acabou.

Steven Julie
Enviado por Steven Julie em 24/07/2017
Código do texto: T6063920
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