Sob Viadutos

Desgraça de vida sob os viadutos !

Desnecessário o salvo-conduto àquele povo estático na dor medonha. Eu que tinha a alegria das porta-bandeiras passava rindo pra não chorar, todos os dias... Sabe quando sentimos aquele aperto no peito e o frio desce por sua mais forte estrutura óssea? Pois é.

Um dia pensei que gostaria de querer que aquela gente se danasse, mas era hipersensivel, não fosse isso... Claro que eu poderia fazer somente a empatia. E olha que esta desalmada já havia me levado ao analista.

Voltando aquelas pessoas sob o viaduto: elas me devolviam o riso pra não chorar. A gente fingia ser alegre e feliz pra não ser idiotas infelizes, mas elas eram, e eu ficara na medida em que me afeiçoava a elas. Logo eu que havia rompido com a tristeza e já desconhecia lágrimas, tinha que suportar aquele frio na alma. Penso que por isso desenvolvi uma coisa chamada resistência.

Então, já que eramos todos uns felizes infelizes, tratariamos de nos abraçar pra nos aquecermos do frio dos olhares dos transeuntes, da elite que passeava e passava sobre o viaduto sem olhar para baixo.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 29/07/2017
Reeditado em 31/07/2017
Código do texto: T6068704
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