lugar nenhum

nunca pensei que seria sujeita a sentir todo esse aglomerado por esse alguém. jamais imaginei que ela seria capaz de transformar a própria imagem de maneira tão arrebatadora. não me preocupo mais em precisar me preocupar se há alguma possibilidade no âmago de tudo, pois já tenho ciência do real. para haver total sinceridade nesse fragmento de escritura, nunca me preocupei por inteiro em que lugar esse navio chegaria. a procura pela terra firme tornou-se coadjuvante, agora dou total preferência às peripécias que só acontecem quando meu barco veleja sem rumo. o sentimento tornou-se mais intenso quando foi-me dito que a viagem provavelmente não chegaria a lugar nenhum. a minha busca não é pela terra e sim pelo eterno fôlego de viver sem ter ao que ansiar ou temer. obrigada por me proporcionar tamanha emoção. a emoção pode ser mais bem aproveitada se servires-me o teu doce ou amargo café. ao te olhar tão amistosamente sinto o cheiro do velho grãozinho sair de dentro dos seus olhos amargos. e a sua boca doce poderia me abrigar de forma tão voraz que eu nem teria tempo de empalidecer-me. e depois eu sentarei no seu sofá cor de rosa pastel e te direi:

que belas cortinas! por que não fechá-las?

Amélie Chamborro
Enviado por Amélie Chamborro em 01/08/2017
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