Somos meros hologramas

Hoje, finalmente conclui o que há muito intuíra
De que não existe passado, presente ou futuro,
não existe o tempo, o espaço ou mesmo nós...
somos tudo parte inexistente do nada que fluíra,
fugindo talvez por obra do destino ou algum furo,
escapando de ser esmagado por entre os mós.

Observei que os tantos amores que terei ou tive,
São todos um único multiplicado por vezes tantas,
Repetido ad infinitum através da eternidade...
São hologramas desse amor primeiro que vive
Entranhado em mim, recitado como se um mantra
À procura de reencontrar um dia a tal felicidade...

Em todos, talvez, a repetição de um trejeito,
Como o de passar as mãos alisando os cabelos,
O sorriso tímido e cativante como se envergonhada
Ao se despir para mim e acolher-me em seu peito,
Delirantes ao degustarmo-nos com todo o zelo
Ao sorvermos o néctar das imagens idolatradas.

E repete sem obedecer qualquer ordem aparente,
Com presente, passado e futuro por vezes infinitas,
Como a imagem do adulto que já existe na criança,
Que se enfoca e se deixa gravar em minha mente...
Assim são os tantos descaminhos de minha vida,
Que a perdeu um dia, dela só restando lembranças...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 26/08/2017
Reeditado em 12/04/2018
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