Vagão existencial

Túneis escuros com luzes ora brancas, ora amareladas. Prédios gastos pelos anos. Estações sombrias, apesar de bem iluminadas. Árvores impondo suas presenças em meio as construções. O vão entre os dois trens separa os corpos e os trajetos. Uns vão de encontro à cidade, outros fogem dela dentro do tempo concedido. A essa hora o céu já vai escurecendo e as luzes nos postes começam a se multiplicar, mas permaneço enxergando sombras. O contato visual fere, invade. A solidão singular de tantas vidas que ocupam o mesmo espaço e não se reconhecem. Essas ruas que passam pela janela, tão cheias de coisas, contrastam com o vazio que inspiram em mim. Sinto uma angústia de vida sem rumo, mas com destino certo: a estação final.

Tábita
Enviado por Tábita em 31/08/2017
Reeditado em 05/09/2017
Código do texto: T6100502
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