Proximidade
Sinto que preciso afastar-me
O alerta de que o coração não aguenta mais
soa como os sinos de uma catedral avisando a chegada de uma noiva.
Soa para mostrar que estamos perto do limite
e para contar o quanto é perigoso essa proximidade do limite
Sinto que o alerta sirva para manter aceso o equilíbrio de mim
...em mim mesmo.
A razão e a emoção pesam na balança...
mas não consigo interpretá-las...
emudeço diante delas e não sei se fico ou se passo...
não sei se faço ou desfaço..
se levanto-me ou se caiu de uma vez.
Se luto ou esmureço.
Se choro ou me controlo.
Se falo ou calo, se vivo ou morro, não sei.
A dualidade que vivêncio deixa-me vulnerável ao que quero e a quem sou,
deixa-me vulnerável aos pensamentos
que torturam o meu eu de forte, coerente e prudente.
Seguro-me na moderação que desequilibra minha emoção e me aprisiona a razão, a minha razão de ter que ser.
Decido, paro. Mas a sensação que tenho é de estar prosseguindo
mesmo depois de decidir parar,
o mais estranho é que sigo me negando a continuar,
mas sigo, mesmo que não queira
como se fosse automático e simples como respirar.
Respirar é automático, mas amar, se apegar, querer estar perto,
se acostumar...é uma construção e eu tenho medo dela.
Talvez tudo isso não seja necessário para que eu sobreviva, ou talvez eu sobreviva sem que seja necessário entender...o motivo ou a necessidade de passar por isso...
Sem que deixe florescer o mais bonito que já me permiti querer...
sei não é amor, tenho certeza da curiosidade, mas como tudo é uma construção, tenho medo de proximidade.