QUANTOS?

Quantos ouviram-te? Destes, quantos te cativaram? Destes, quantos passaram e deixaram a dúvida do porque passaram tão rápido, deixando apenas a lembrança..e a saudade como esperança.

Ah! Mas quantos ficaram e te fizeram conviver com a dúvida e o porquê de escolherem ficar.? Quantos destes somam a ti com sonhos, esperança, depositavam toda confiança e significaram muito enquanto estiveram em ti. Quantos destes, permitiram que olhastes no fundo dos olhos e contemplastes sua alma e te fizeram enxergar lealdade. Quantos te encontraram com um sorriso e por ele te selaram, agora tu te pegas por vezes a sorrir com o outro mesmo longe de sua presença..

São tantos que passaram porque deviam passar , alguns para somar. Uns tantos para diminuir, uns poucos para te multiplicar e outros para dividir-te. Outros tantos passam e te passam, ficam e tu ficas a questionar o porque de todas essas passadas que destes ao longo do tempo, com a sensação de quem caminha, mas não saí do lugar ou ainda de quem sai do lugar , mas não caminha.

E porque vistes tudo e passas por tudo isso?, porque tu vives. Vivestes em algum momento o raso de alguém, tentando conhecê-lo em profundidade e chorastes por não conseguir. Em outro momento, vivestes as profundezas de outro alguém e descobristes com o tempo que não queria chegar até lá, agoniastes quando procurastes o caminho para voltar a superfície, desejastes estar no raso desse alguém, e só assim entendestes que no raso também existe a possibilidade de viver, no entanto só percebestes isso quando se afogasse e já não respirava.

Insististes tanto em chegar ao teu limite, mesmo pesando a razão e a emoção tu não conseguistes distingui-las. O teu coração batia a mil por hora, hora de parar, de diminuir a velocidade. E mesmo como sino da catedral tocando desesperadamente para alertar que já chegara a hora da noiva entrar...tu insistias em continuar.

Por vezes esquecestes que precisavas apenas parar, pensar, respirar, sentar, descansar para então continuar a andar, viver, aprender, conhecer, alegrar..chorar, despertar... Sabe os tantos e quantos percebestes passar ? Continuam lá onde passaram, os que ficaram continuam intactos e permanecem assim porque se encontraram...Ao olhar- agora tua alma, teu semblante transparece pouco dela. Mas aqui no espelho consigo ver-te em outra dimensão, uma que foge e rasga teu processo de construção, vejo nos teus olhos o EU de mim que por muito tempo se escondeu, num eu incompreendido e que só o tempo permitiu florescer e aparecer. Devo confessar que ao longo desse tempo ainda estou aprendendo a conviver...com ela, a vejo um pouco amigável, o espelho aos poucos me ajuda a descobrir-me, anuncia que o frio talvez tenha passado e aos poucos eu vou mostrando o eu que sempre existiu em mim.