Anos depois...

(Este texto foi baseado na música de Luiz Lins, chamada "A música mais triste do ano".)

O tempo passou.

As fotos perderam a cor e o vinho perdeu a doçura. A maquiagem raramente era utilizada e o cigarro já não queimava mais entre os dedos. As crianças tornaram-se homens e deram origem a outras que hoje correm pela sala de estar, pequenos motivos de esconder cada bibelô nas prateleiras mais altas.

Já compartilharam entre si seus melhores e piores lados e nenhum deles jamais foi motivo de desistência. Em momentos de briga e cansaço, os olhares lembravam-se, mutuamente, de quem eram e do porque estavam ali. Abraço se tornava abrigo, cada gesto simples convertido em sorriso. Muitas vezes expressões e atitudes de ambos não parecem ter sentido, mas não deixam de ser compreendidas um pelo outro. Os corações sabem: quando a vida acabar, ainda estarão juntos no mesmo lugar, onde quer que seja.

Em algum momento, as crianças vão embora e os bibelôs voltam aos lugares. As energias, risadas e vozes altas não preenchem mais o vazio; Quem o faz é aquela música especial de ritmo inesquecível, misturada ao som das duas vozes calmas e respirações lentas. Mais sorrisos, mais carinhos, mais olhares e mais certeza de que, desde o primeiro segundo, minuto, dia, mês e ano, tudo valeu a pena.