(Nem sempre) Soa o apito do trem...

Neste final de semana anunciaram que haveria chuva de meteoritos e que apesar do brilho intenso eles eram do tamanho de sementes de melancia. Fiquei acordado nas duas madrugadas e estava nublado; nada vi. Quero acreditar que vi um brilho através das nuvens. Preciso acreditar.

Li num blog que devemos morrer o mais vivos possível. Irmo-nos despindo dos falsos amigos, das falsas atitudes, dos lugares que não gostamos de ir. Dos assuntos que nunca nos interessaram. Eu não quero ouvir todas as músicas que existem. Quero estar aqui e aproveitar o momento como se fosse o primeiro dia de um namoro. Sei que a dor virá. Toda vez que eu sinto alguma dor muito forte e todas são terríveis, se eu pudesse transferiria minha dor para outra pessoa sem pensar duas vezes. A dor atrapalha o sono, o humor, o raciocínio. Em alguma praia de Porto Seguro mergulhei no mar e estava fora dele. Mergulhei no mar e estava fora dele. Não entendi. O mar estava escuro pelo barro diluído de algum rio. Alguma coisa dentro de mim me tirou do mar, sem a minha autorização. O instinto é latente mas nunca dorme. "-Devemos ficar vivos!", - o instinto me disse... Os meus cães deitados de barriga para cima mostrando as sem-vergonhices, uma planta que floresceu no quintal secretamente, só pra ela. A encontrei por acaso. Tem uma música melhor tocando no bar ao lado do que eu estou e é pra lá que eu vou. A grumixama toda enfeitada de branco, o perfume noturno do manacá. Eu focalizo no que é bom e no que é belo. Não sou tolo. Eu preciso acreditar que vi um brilho através das nuvens...

Dark n Blue
Enviado por Dark n Blue em 27/10/2017
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