Confissões à vida

Que eu não sinta vergonha de te olhar nos olhos, vida.

Que eu não tenha vergonha de mim!

Por ser rude, e não compreender o recado dos homens,

que eu não ouça o clamor dos que exigem de mim,

o que eu não tenho pra dar.

Que eu seja livre para dizer sim e não,

e ter a liberdade como um guia,

a esperança como mensageira,

a paz como virtude.

Que eu caminhe como o vento,

sem medo e sem cólera.

E que a mágoa desfaleça,

ao meu sorriso.

Que eu não sinta receio da criança que fui,

nem do velho que um dia serei.

Que eu conviva com a virtude e o pecado,

como metades de mim.

Que eu anuncie a sagração da terra,

em tudo que respira, movimenta e sonha.

Que eu seja como uma flor generosa,

brotando feliz em qualquer lugar.