interdição aos vagalumes

cintilam dois pequeno vagalumes

por de trás das suas pálpebras fechadas

em algum ritual sagrado para a catarse absoluta

ou você apenas cerra os olhos

na esperança de tocar por alguns minutos

o centro do mundo, o umbigo de deus:

todas as coisas, até as coisas que

penduramos esperando o sol de amanhã,

até as cinzas dos cigarros e a chama,

o pavio, a bomba e o estilhaço,

talvez você até pressinta minha ânsia,

pois sempre que te toco e toco consciente

do ato sublime das mãos você se move

e se afasta e se recolhe e cerra as pálpebras descansando os vagalumes em alguma

floresta inabitada, onde talvez habitem feras

perigosas e seres fantásticos de pura luz,

talvez você até tenha aprendido algum

segredo com as folhas do carvalho,

talvez você tenha desenvolvido o mistério

dos rios e seja você mesma feita d'agua,

uma antiqüíssima força que só se toca

com a ponta dos dedos, algo parecido

com magia, uma espécie nova de amar e perecer.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 07/11/2017
Reeditado em 08/11/2017
Código do texto: T6165558
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.