INTUIÇÃO

Nada por aqui é nosso. As coisas, os bens e as pessoas que nos cercam, não passam de um empréstimo. Também o é o nosso corpo, sim, um empréstimo. As ideias são mutáveis, assim, também não nos pertencem. As coisas vêm e vão. As pessoas apenas nos acompanham e quando chega um dado momento, nos abandonam, por escolha ou por força das circunstâncias. Os bens vieram de alguém e sucessivamente passarão a outrem. O corpo que nos serve de veículo ora está bem, ora enfermo, ora vivo, ora... já ido, e raramente estaremos preparados para isso. Nos apoiamos numa falsa sensação de segurança quando acreditamos possuir algo ou alguém, e isso acaba sendo a nossa "verdade". O certo?! O errado?! Ah, esses são tão relativos. Basta um pequeno acontecimento, um desvio de rota ou um sonho perdido para que aconteça uma tempestade no "labirinto subjetivo", então tudo o que parecia fazer sentido se vai, toma rumos totalmente desconhecidos, numa viagem só de ida. O bem pode ser bom ou mau e vice-versa, depende unicamente do ponto de vista. O mesmo acontece com o "muito" e o "pouco", o "belo" e o "feio"... Os parâmetros se encontram nos olhos de quem vê. Já vesti 36, cheguei a passar pelo 40, mas o 38 sempre me cai bem... Não digo que não tornarei a usar aqueles dois números de manequim um dia, mas por ora, encontro-me no 38, por isso foi preferível me desapegar das roupas que não serviam mais ... Elas provavelmente ficaram bonitas em outras pessoas e têm para elas alguma serventia, mas em mim, sem sombra de dúvida, ficariam feias e desconfortáveis, visto que não é apenas uma questão de "cobrir" o corpo . Até me encontrei num cabelo curto, só que acho bonito os compridos e, embora de loiro eles já tenham sido várias vezes tingidos, percebi que ser "loura" é somente mais um mito. Gostei de músicas que atualmente fazem doer meus tímpanos... Admirei homens que passam agora despercebidos. Temi covardes e enfrentei felinos. Fiz de "estranhos", verdadeiros amigos e mal acredito o que alguns "amigos" fizeram comigo. Eu dei valor ao lixo e joguei o luxo no lixo. Tudo dependeu do espaço e do tempo aqui de dentro... O importante é fazer o melhor que se pode, aqui e agora. O que foi feito, não poderia ter sido de outro jeito... Fazemos o que fazemos com base naquilo em que acreditamos num determinado momento. Não há nada do que se arrepender, do que se culpar e nem pra consertar. Tudo, tudo está e sempre esteve em seu exato lugar. As perspectivas são puramente individuais, há que se respeitar os territórios alheios. Enquanto isso, continuamos emprestando os conceitos que nos norteiam através do empirismo, dia após dia, um de cada vez, tolerando a dicotomia dos raciocínios, em nós mesmos e nos outros... E apesar de estarmos longe de exercer o controle sobre o que quer que seja, àquela voz interior que fala baixinho, àquela com a qual teimamos e dela até rimos, à pouco conhecida e inexplorada INTUIÇÃO, ainda é melhor dar ouvidos. Cada um de nós tem dentro de si, esse "guru" capaz de nos guiar através da estrada incerta da vida até o nosso destino.

Yara Chima
Enviado por Yara Chima em 23/11/2017
Reeditado em 26/11/2017
Código do texto: T6180115
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