Linimento.
Pulverizei de razão alguns dos meus versos,
Os untei de aventura como sempre quisera,
Comprei os sinais de meus restos submersos,
Sustentei-me no domínio ajustado de quimera,
Vasculhei em um baú a direção da esperança,
E o andamento longínquo que sustenta a vida,
Achei-te como juíza e me ateastes a lembrança,
Localizando a nanica chávena onde era servida,
Mergulhei alforriado no céu das adivinhações,
A desencarcerar uma célere paixão desmedida,
A consumir-me no instante de outras vibrações,
Um procedimento que tivesse a ação atrevida,
Busquei o silêncio magnificente das cascatas,
Os fenômenos que circundavam a noite eterna,
As coletâneas publicadas em lindas sonatas,
A convicção e a balada na regência moderna,
Pulverizei de alegria os meus lábios risonhos,
Num linimento juvenil que estabelece a arte,
Na noite negra confiei para ti os meus sonhos,
E quando te percebestes, eu estava a tocar-te!