Trabalho de Ostra

Que danura é esta que submetemos! Perdemos grande parte das energias na procura de sentido em meio a tanto. O fato é que vivemos embriagados das razões, por serem muitas, levam à incompetência no gerir nossas almas rumo a paz interior.

Queimamos nossas subjetividades na carvoaria do entendimento, com ingredientes, dissabores trazidos pelos fatos que estão na existência em tudo quinté canto, alcançando a alma humana. Dores de todas as estirpes, incompreensões, fiascos ofuscando o brilho de cada um, seja na pobreza que não queríamos enxergar, ou nos lamentos invisíveis que nossos ouvidos não conseguem se livrar.

Somos mexilhões, hibernamos as ações nas conchas, que são os coraçoes, esquecemos que dali sairão pérolas, utilidades que não serão nossas quando partirmos.

A morte levará com ela o trabalho feito, entregando o produto da vivência de cada homem à justiça divina. Sabe-se lá o que fará! que seja dada nova formatação à nossa personalidade sob o égide da bondade, do amor e da misericórdia, dando a cada um o que é seu.

Essa necessidade inconsciente e apequenada de que eu seja eterna, quer sobrepor ao ânimo enfraquecido de me manter no aqui e agora, torço, mesmo que na conotação de que seja um jogo lúdico, para que o que eu produzir de mim mesma em sentimentos e emoções, renasça numa nova identidade, melhorada, me dando chance para ser numa nova postura, eu e meus irmão amigos.

Quisera fosse conforme os céus imaginados da cultura religiosa, cuja definição da outra vida vem por antecipação, descrevendo o destino fiinal de cada um, e que a cartilha oferecida com certo e errado, bom e ruim, me convencesse por antecipação definitivamente, indicando o destino do homem no pós morte.

Mas nem a religião, muito menos a filosofia, tem conseguido convencer o mortal, apaziguando o turbilhão, as incertezas que mora no interior. Vivemos como crianças perdidas, sem pai e mãe. Não conseguimos nos livrar das ansiedades, dos sofrimentos da vida rotineira, mesmo cientes que não somos eternos, a nossa natureza finita avisa que logo sairemos daqui.

Quero que a suprema compreensão me alcance dessas verdades, que me esclareça em alto e bom som da máxima, do fato de que a provisoriedade da minha existência é a maior lei, da leveza do viver, do enxergar a vida como um todo. Sou passageira e única.

Que eu caia na conclusão de que sair daqui com o coração leve, poderá desconstituir a condenação prematura de eu ser uma mera produtora de pérola.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 06/12/2017
Reeditado em 07/12/2017
Código do texto: T6192015
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