FRAGMENTOS DE REPÚDIO

À beira do cais, no final da tarde de verão,

arma-se uma tempestade,

no rastro dos ventos a cidade se vestirá

de uma luminosidade escura e estranha,

que vinda dos céus para derramar a chuva.

Nas casas cobertas por limo e fumo,

pessoas rezam angustiadas roídas pelo medo,

entorpecidas, solitárias, distantes, sem ideais,

vagam só esperando uma benção dos céus.

O tempo passa célere e no seu interior,

há uma esperança que aconteça

o breve milagre da salvação.

Essa gente sofrida não canta a canção dos iguais,

ficam a ver navios tripulados por palavras de tédio,

só perceptível no seu calendário que não muda,

ante seus olhos marejados de tristezas.

Repúdio vocábulo roto na boca,

sem comida, sem armas, fé, versos e

forças para bradar o sonho

da libertação que somam milhares na multidão.



Paulo Avila
Enviado por Paulo Avila em 24/08/2007
Código do texto: T621431
Classificação de conteúdo: seguro