O melancólico segue o tempo
Não tem armadura que o proteja,
Nem mesmo as distrações,
Sua relação com o mundo é brutalmente sincera, direta,
O tempo pode passar mais devagar ou muito rápido
Mas continua a melancolia,
Ele acompanha o tempo, e sente o seu frio, soprando,
Não importam os céus mais altos, os mares mais fundos, as estrelas mais distantes, os olhares mais brilhantes,
Nem mesmo o próprio universo,
É a constância suprema e imparável do tempo, onde o melancólico está
Não mais, porque é sempre menos,
Mais a vida se acumula, mais se esvazia,
O melancólico é hiper sensível à realidade, e é assim que vive todo dia,
Como um artista,
Como um esteta em seus pensamentos,
Ele é o mais humano de todos, mas não é supremacia, não é arrogância, nem compensação,
Ser muito humano, é ser de mais,
É saber ou sentir mais do que aguenta,
É ter um fardo a mais,
não tem apenas que sobreviver,
Também tem que conviver, com a absoluta falta de sentido, com o fato que, independente se vencer ou não, sempre perderá, se a vitória não é nada mais do que uma bela, e nem sempre bela ilusão,
Depois de alcançada, vem os estilhaços do espelho, vem o nada, daquilo que fugiu, reencontrou,
O melancólico segue o tempo,
Ninguém tem os ponteiros tão sincronizados com os segundos [ o tempo integral], como ele,
Ele sabe as horas do seu coração, é isso que o seu espírito toca, o imenso, incontrolável vento,
É uma questão de entender,
Apenas pelo sentir, o quão profundo sempre foi, o seu, e todo o existir...