Vazio

O mundo se resume em um eterno acumulado de encontros e desencontros.

Porém, a cada encontro e a cada desencontro, eu me sinto mais sozinha.

Como é possível, andar por entre gente e se sentir em um deserto gelado?

Como eu nego essa falta de um pedaço que saiu de mim, ou melhor, que nunca esteve dentro de mim?

Como eu sumo da vida das pessoas e faço elas sentirem minha falta?

Uma hora, eu desisto.

Todos desistem.

Importar me com eles não fez alguma diferença.

Depois de algum tempo, até o cosmos desiste.

Se mesmo após esse desabafo, você não se sentir vazio, pense comigo: vai dizer que não falta nada na sua vida?

Um amor, uma esperança, um objetivo, talvez até um pouco de fé. Esse vazio é um buraco que tentamos desesperadamente preencher com coisas efêmeras e sem valor, mas com preço alto, sendo que tudo o que queremos não tem preço.

O problema talvez seja a falta de compreensão desse vazio como forma de expressão.

Somente esse vazio me faz escrever.

Somente preencher esse vazio me move.

Somente perceber como sou sozinha me faz andar por entre as pessoas na rua, bisbilhotando seus vazios.

Será que todos são capazes de sentir essa indiferença?

Sou a única louca em um mar de pessoas preocupadas com coisas que não podem mudar?

Deprimidas com coisas que já aconteceram.

Ansiosas com coisas que um dia irão acontecer.

Estressadas com coisas que precisam fazer hoje.

Nenhuma delas se quer já se permitiu ver o vazio em sua sala de casa enquanto todos os seus familiares e amigos conversam entre si, parece perfeito, mas não é.

Ver o vazio de uma noite de inverno abraçando seus travesseiros e vendos filmes românticos.

Ver o vazio de uma manhã de verão e não ter ninguém para saborear um café.

Ver o vazio em uma única rosa florindo em janelas de pedra.

Ver o vazio em não se reconhecer no espelho por odiar o que ver.

Ver o vazio em andar em uma calçada lotada e ninguém sorrir.

Abrace o seu vazio e o aceite antes que ele te consuma.

Por: Isabelle Guimarães

Dia: 02/01/2018

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