Misericórdia

Anjo da misericórdia, como me achaste?

Não sei como dizer.

Teu jeito me fez encontrar o perdão das coisas que eu não perdoo.

Fizeste encontrar a paz de uma alma misericordiosa.

Perdoei meus demônios e estou convivendo com eles. Eles são uma parte essencial do meu ser e me moldam como eu sou.

Perdoei minhas qualidades por não superarem minhas expectativas.

Perdoei meus troféus não ganhos e minha falta de talento para obte-los.

Perdoei minhas tardes chuvosas onde eu estava praguejando tudo por estar sozinha.

Perdoei os finais de semana chuvosos que eu não pude ir a praia.

Perdoei minha solidão e a transformei em solitude.

Perdoei meus ciúmes descontrolado por coisas que eu não tenho capacidade de controlar.

Perdoei meu choro, porquê ele não me torna fraca e, sim, mais forte.

Perdoei meus defeitos, por me tornarem mais humana e a cada dia me fazem me tornar alguém melhor.

Perdoei meus pais por não me compreenderem, mas não é culpa deles. Eu também não me entendo.

Perdoei meus amigos por me esquecerem às vezes. Não posso lhes culpar, sou eu a invisível.

Perdoei meus inimigos, pois para cada porção de ódio que me deram, eu sobressaí ainda mais.

Perdoei meus professores que não conseguiram abrir minha mente para eu poder descobrir novos horizontes.

Perdoei aqueles desconhecidos no ônibus que me xingaram porquê pisei no pé de algum deles.

Perdoei meus pés, por não me sustentarem quando eu necessito, mas ao menos são dois e fucionam.

Perdoei minhas curvas, apesar de serem poucas, são minhas e somente minhas.

Perdoei o fato de eu não ser perfeita e nem nunca conseguir ser.

Eu me perdoei.

Por: Isabelle Guimarães

Data: 02/01/2017

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