Domingo de chuva

Domingo de chuva

Nublado, indolente, triste,

Dia de morte, de tristeza, mesmo que ninguém tenha morrido,

A semana que é sempre a vítima, que sempre morre no domingo,

É o fim de um ciclo, e as nossas consciências que se viciam a pensar assim,

Na chuva, com o céu acinzentado, emburrado,

Esperando o dia passar, de descanso, de preguiça,

Dia que mais parece não ser, dia que não é dia, uma espera, uma reflexão forçada,

Domingo no parque, no quarto, debaixo do cobertor,

Caminhando, deitado, tomando um café pra relaxar,

Esperando o dia passar, o vácuo de energia humana,

Cultuamos o domingo, mesmo sem perceber, sem querer,

Mas querendo, e se não existisse, e se todo dia fosse como segunda, terça ou sábado,

Até pra respirar profundo.. confiamos no tempo, nas fronteiras que cercamos, nos mapas que inventamos,

Nas horas, nos segundos e em seus meandros,

Pra chamar de domingo, e quando é na chuva e céu nublado, melhor ainda,

Mais domingo, mais triste, o dia do melancólico, da realidade,

Dia pra pensar um pouco antes de cair na psicose de ser humano,

De se distrair, de escapar de si mesmo, do conhecimento,

De refletir sem refletir,

Domingo de chuva, de culpa, de dane-se o mundo,

De xingar a vida, e depois pedir desculpas, de agradecer a deus, mas sempre com um puxão de orelhas, sempre com uma chantagem, uma permuta,

Domingo de chuva, de sol fraquinho, de luto, de Tudo.