Uma canção cristalina

Quando falo contigo não mais insisto

para não lhe aborrecer

e para não te afastar

deixo o tempo correr

a roseira florir

a flor do cacto vingar.

Saiba meu anjo, que não há poesia

soneto ou canção

que eu não faça falando

desse meu grande amor

que publico ao avesso

sem dizer o endereço

quando muito um codinome.

E se um dia me deres o seu telefone

eu te ligo do parque na hora do rush

que é para ninguém lhe reconhecer.

Se, contudo disseres que é só minha ilusão

deixa estar desse jeito

que mesmo imperfeito

é meu nobre motivo

talvez a razão

pela qual vale a pena

de manhã despertar.